domingo, 5 de dezembro de 2010

Sal

Naquela madrugada do mês de Outubro de 2007, aterrámos no Aeroporto Internacional Amilcar Cabral, na ilha do Sal. A origem do seu nome é simples, resultou da descoberta de uma mina de sal mineral em Pedra de Lume, na cratera de um vulcão, corria o ano de 1833. O povoamento e desenvolvimento económico da ilha do Sal começou em pleno século XIX estendendo-se até ao ano de 1980, através da exploração das suas salinas. As crónicas de Diogo Gomes e António Noli relatam que, a ilha estava deserta quando foi descoberta no ano de 1460, contudo, estudos recentes revelam que os mouros já conheciam as riquezas salinas da ilha homónima.
 Presentemente a mina de sal existente em Pedra de lume está a ser explorada por italianos, que convidam o turista a boiar nos lagos saturados de sal. Vagueio, aquele circo fere a minha sensibilidade de museóloga, querem destruir o que resta daquela mina para transformá-la em mais um complexo turístico, logo naquele local  berço e identidade da ilha. Que bom seria poder musealizar aquele local paradisíaco, de certo que iria contribuir para o enriquecimento da Arqueologia Industrial caboverdiana e promover a indústria do turismo cultural. Não, a cultura não é incompatível com o progresso. Os caboverdianos também não concordam com a destruição do local, mas o investimento por parte de empresas portuguesas tarda em chegar, e as empresas italianas presentes procuram o lucro fácil, e preservar Pedra de Lume como símbolo identitário dos habitantes da ilha do Sal não é, nem nunca será, uma prioridade. 
Imagino aquele local daqui por mais alguns anos, e sinto-me uma pessoa privilegiada por ter conseguido chegar a tempo, e sentir a ilusão que um dia poderia salvar aquele local e quiça regresssar à ilha do Sal.











Fotografias de cátia Salvado Fonseca

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